Transformação Inclusiva na área da saúde: como construir experiências de impacto social?
Na era do ESG, a preocupação com um futuro cada vez mais sustentável, em todas as esferas, inclusive social, está diretamente ligado à inovação, sobrevivência e expansão das organizações no mundo corporativo. Veja como a sua empresa pode construir experiências verdadeiramente inclusivas nessa realidade.
Diversidade e Inclusão, embora na maioria das vezes sejam citadas juntas, podem até ser complementares, mas acredite: não são a mesma coisa.
Diversidade pode ser definida como “todo o espectro das diferenças humanas”, que podem conter características visíveis como idade, gênero, deficiência e origem étnica, ou aspectos invisíveis, como status socioeconômico, civil e orientação sexual.
Já a Inclusão se refere a “um sentimento cultural e ambiental de pertencimento”. Pode ser dimensionada monitorando a forma como as pessoas na sociedade – ou os funcionários dentro de uma empresa – são respeitados, valorizados, aceitos e encorajados a participar totalmente dentro de suas comunidades e organizações.
E quando tratamos da área da Saúde, essa temática surge como uma questão ainda mais emergencial, uma vez que impacta diretamente na qualidade de vida das pessoas.
Já parou para pensar nas dificuldades que pessoas com alguma deficiência enfrentam nos locais e atendimentos de saúde? Ou nos pontos de constrangimento que uma pessoa trans sente junto a sua jornada de saúde? Ou como as mulheres são tratadas com desrespeito em relação às suas escolhas de vida e saúde pessoal? E na estigmatização de gays e a doação de sangue?
Nesse artigo, vamos mergulhar nas principais vantagens de se construir experiências verdadeiramente inclusivas na Saúde. Vamos em frente?
O que significa desigualdade na área da saúde?
São sabidas por boa parte dos brasileiros as diferenças na qualidade de atendimento de saúde no país. Dependendo se é pelo SUS ou por (diferentes) seguros privados, ou ainda da cidade em que a pessoa mora, é possível ter diferentes experiências dentro dessas duas configurações.
Mas e se pensarmos que dentro de uma mesma clínica e sob o mesmo plano, o tratamento pode ser radicalmente diferente dependendo da aparência e/ou origem da pessoa?
À primeira vista pode parecer um contrassenso pensar que em um mesmo serviço de saúde há tratamento diferenciado, que varia de acordo com quem está sendo atendido e com quem atende (ainda mais considerando o papel técnico e humanitário da medicina para a sociedade).
Porém, as práticas, espaços e profissionais deste campo são afetados por um mundo desequilibrado de antemão em seus aspectos socioeconômicos. O preconceito contra o que parece diferente e a desigualdade social afeta grupos sociais em todas as esferas, logo a saúde não ficaria de fora.
Uma forma de encontrar quais são os grupos mais vulneráveis é através de marcadores sociais de gênero, etnia, orientação sexual e condição econômica. Porque, ao analisarmos a sociedade por esta ótica, os padrões e regionalidades da desigualdade se tornam claros.
Por que precisamos ficar de olho nisso?
Os números falam por si. Você sabia que, segundo algumas estimativas:
- A expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de apenas 35 anos?
- A expressiva maioria das pessoas negras não possui plano de saúde? (78,8% de acordo com PNS)
- Uma em cada quatro mulheres já foi vítima de violência obstétrica? (pesquisa Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado)
- 24% da população brasileira se enquadra como pessoas com deficiência (visual, auditiva, mental, física ou múltipla)? (Segundo dados do IBGE)
Esses poucos dados, já justificam a importância de um olhar dedicado à humanização das Jornadas de Saúde, considerando a diversidade e inclusão como pilares.
Não são raros os casos de insatisfação e constrangimento vivenciados por grupos minoritários quando buscam consumir serviços da área de saúde, como planos de saúde: os problemas vão desde o momento de contratação do serviço até o contato com médicos ou centrais telefônicas.
Para pessoas trans, faltam profissionais dispostos a atendê-las, procedimentos dedicados e espaços adequados para suas necessidades. Pessoas negras são desproporcionalmente mais afetadas por doenças crônicas do que demais segmentos.
Homossexuais masculinos são frequentemente estigmatizados na doação de sangue e associados a ISTs. Mulheres cis e homens trans têm risco de sofrerem violência obstetrícia. Pessoas portadoras de uma deficiência têm problemas no acesso físico a uma clínica ou hospital ou se deparam com sites e atendimento sem tradução para libras.
Quando paramos e mapeamos a jornada de saúde dos diversos grupos de usuários, quando tratamos do assunto com o olhar centrado no aspecto humano, identificamos uma série de situações que podem ser revistas, repensadas e readequadas.
Muito se fala sobre a experiência do consumidor no centro de tudo, mas na área da saúde e no Brasil, ainda não vemos tantos casos bem explorados ou que realmente levam em consideração os aspectos do paciente, como mais relevantes.
Podendo ser algo tão simples quanto rever o script de atendimento das centrais ou revisão de cadastro dos clientes, tornando-o mais inclusivo, até debates mais complexos como a inclusão de procedimentos específicos ou readequação de ambientes físicos.
Empresas do futuro: é hora de ser plural.
Faço o seguinte convite: pare agora e reflita por alguns minutos sobre a experiência que a sua empresa oferece para seus consumidores, funcionários, sociedade em geral, principalmente conectado aos temas abordados aqui, diversidade e inclusão.
Você realmente sabe como ela é? Você realmente tem esse conhecimento profundo sobre as expectativas, necessidades, anseios e dores daqueles que fazem parte desse ecossistema? Suas decisões são centralizadas nos pacientes e seus mais diversos contextos?
O momento de se posicionar, aprender, corrigir e evoluir é agora. Diversas pesquisas e estudos demonstram que o investimento em diversidade gera retorno financeiro para as empresas, ao mesmo tempo que gera impacto positivo para a sociedade.
Quanto mais a sociedade tem consciência da relevância da diversidade e da inclusão nas organizações, mais elas passam a buscar empresas que tenham esse pilar como um valor intrínseco.
No Brasil, a adoção das práticas ESG ainda está em fase inicial, mas com a crescente exigência tanto de investidores quanto da sociedade em geral, a tendência é impulsionar as empresas rumo a negócios que não apenas se preocupam com o retorno financeiro, mas também com melhores práticas ambientais, sociais e onde todas as pessoas possam se sentir parte.
Pronto para mudar: Como transformar esse debate em iniciativas de impacto social?
Aqui vão algumas dicas iniciais:
1. Compreenda a experiência de inclusão atual oferecida aos seus colaboradores e clientes, a partir das perspectivas deles, escute-os, se aproxime, conheça as suas histórias;
2. Identifique quais são os problemas latentes e quais são as oportunidades para promover maior humanização das experiências oferecidas;
3. Construa, em conjunto com os diversos atores, iniciativas que melhorem e transformem essa realidade;
4. Elabore políticas claras de valorização de ambientes diversos;
5. Realize o monitoramento contínuo da experiência oferecida através de dados, canais de contato, pesquisas;
6. Tenha um canal aberto e transparente, continue aprendendo e esteja sempre em constante evolução!
Seja um agente transformador de experiências!
Como pôde perceber, diversidade e inclusão na área da saúde é um tema atual e urgente, com um potencial de transformação incrível e necessário.
Essa mudança é um passo fundamental para que a sua empresa cause, verdadeiramente, impacto social, contribuindo diretamente na qualidade de vida das pessoas e tenha um terreno fértil para a inovação.
O mundo não vai ficar mais simples, é sempre hora de começar a mudar.
Gostou do nosso artigo? Entre em contato e saiba mais como a MJV pode te auxiliar nessa jornada de transformação da saúde!
Quer ler mais sobre o tema? Em outro artigo falamos sobre diversidade e inclusão nas empresas, vale a pena conferir!
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