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Open China? O papel do platform thinking no desenvolvimento chinês

As tecnologias emergentes estão dando vida a milhares de novos modelos de negócios, que não apenas inovam, mas tornam os concorrentes obsoletos.


Open China é o conceito de Inovação Disruptiva, muito presente na China e impulsionada pela cultura shanzhai.

Com o desenvolvimento dos modelos digitais, a tendência é que os limites entre as indústrias (e até algumas delas) desapareçam. Note que startups chinesas já estão até desbancando concorrentes como o Uber nessa batalha.

Para liderar esse movimento, cada vez mais, é necessário que seu produto e/ou solução esteja conectado com uma estratégia digital que apoie integralmente a sua performance.

Essa é a característica principal do platform thinking.

A novidade é que o raciocínio também pode ser ampliado a outros segmentos, como a captação de talentos. É exatamente nesse ponto que a China se destaca. Se, no início da década, o país ainda perdia talentos para empresas como Google e Facebook, hoje conseguem trazê-los de volta para casa.

Acompanhe até o final e entenda como o platform thinking na China impulsiona essa transformação.

Os pilares do Platform Thinking

O Platform Thinking é um mindset adaptável de negócios digitais que representa uma reinvenção no conceito de negócios como nós conhecemos.

O método pode ser exemplificado pelo termo known unknowns, que representa a ideia de que o conhecimento que possuímos é sempre menor do que aquele que ainda não temos. Você vai ver mais sobre esse conceito ao longo do texto.

Entretanto, não é algo novo. O modelo impulsionou o crescimento de uma série de empresas do Vale do Silício, como Uber e Airbnb. São as chamadas organizações exponenciais, que usaram e abusaram de princípios como desmaterialização e desmonetização para conectar-se às reais necessidades do público-alvo.

Segundo pesquisas da Standard & Poor’s, entre 2005 e 2015, empresas que aderiram ao modelo em plataforma, como Facebook e Alibaba, cresceram 330%, contra 16% do restante das empresas do ranking S&P 500, que lista os ativos das bolsas NYSE e NASDAQ.

Knowns and unknowns: o que sei que não sei

Donald Rumsfeld é um famoso político norte-americano, ex-CEO de empresas da Fortune 500 e 2 vezes Secretário de Defesa do governo (entre 1975-77 e 2001-06).

Certa vez, Rumsfeld apresentou um conceito curioso para responder algumas controvérsias governamentais. Na réplica, citava os known knowns, os known unknowns e os unknown unknowns.

Confira a explicação:

  • Known knowns: coisas que nós sabemos que sabemos. É o conhecimento que temos, uma pequena parte do todo.
  • Known unknowns: coisas que nós sabemos que não sabemos. Geralmente, o conhecimento que buscamos, uma parte maior do todo.
  • Unknown unknowns: são coisas que não sabemos que não sabemos, que correspondem à uma parte maior do todo do que as anteriores somadas.

A entrevista ficou bastante famosa e o conceito inspirou uma série de discursos de venda de soluções baseadas em joint ventures, inovação aberta e platform thinking.

Inovação aberta x Platform thinking

Inovação Aberta e Platform Thinking são conceitos similares. Sua base comum surge da premissa de conectar o potencial interno de uma empresa a aspectos do ambiente exterior, de forma colaborativa e harmônica.

Esse novo drive da indústria transforma o papel das empresas. Mais importante que deter o conhecimento, passa a construir um hub de talentos que provoque a inovação, desbloqueando novas oportunidades de negócios.

Algumas soluções estão surgindo para auxiliar nesse processo. É o caso da plataforma Groundbreaker, que acelera o intraempreendedorismo nas empresas, eliminando as barreiras dos departamentos. A ferramenta cria um ambiente colaborativo e gamificado, facilitando e apoiando programas de inovação internos. 

Em um mundo onde todos somos produtores de conhecimento, é ingenuidade pensar que teremos, dentro de casa, sempre as melhores soluções.

A Inovação Aberta tem foco no material humano. Ela consiste em promover a  inovação ao pesquisar por talentos específicos além dos limites das empresas. O objetivo é desenvolver novas capabilities para orientar crescimento e escalar negócios em longo prazo.

Já o Platform Thinking é um modelo de negócios digital que promove uma cultura de co-criação entre os diversos atores de um negócio (clientes, parceiros, fornecedores e prestadores de serviços). O objetivo é gerar valor através de um ecossistema integrado, compondo serviços e melhorando a experiência do consumidor.

A Open China é sobre novos modelos mentais

E o que a China tem a ver com isso?

O governo chinês não inventou o Platform Thinking, mas podemos dizer que explora o conceito em sua totalidade. Isso porque os governantes precisam passar por uma mudança de modelo mental sem precedentes para transformar o país numa potência.

Com uma autocrítica poderosa, os líderes chineses compreenderam que seu papel não era centralizar o conhecimento, mas investir em quem sabia o que fazer para desenvolver a nação como um todo: tecnologia, indústrias, universidades e economia.

Assim, com investimento maciço em P&D dentro das instituições, abertura econômica, incentivos fiscais aos novos empreendedores e parcerias público-privadas, a China montou seu ecossistema de inovação distribuído e colaborativo.

Esse modelo mental é o coração de qualquer iniciativa open source, pois reconhece que uma estrutura de comunidade tem mais força do que um indivíduo. É sobre entender as próprias limitações e buscar em conjunto por melhores soluções.

Enquanto alguns países produzem unicórnios (startups de US$ 1 bi), a China festeja seus decacórnios (modelos 10 vezes mais escaláveis) e ganham tempo, já que as outras potências debatem como alcançar esse resultado.

Nessa corrida, a China está um passo à frente, criando um novo modelo para substituir esse atual. Esse é o ritmo da Open China. A pergunta que fica é: quem conseguirá acompanhar?

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