O que é ESG e como conectar finanças ao desenvolvimento sustentável
Os valores ESG reacenderam o tema da sustentabilidade em diversos setores da economia e prometem influenciar diretamente o dia a dia das empresas. Você está por dentro do que significa essa sigla?
O que é ESG, afinal? Boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa estão em alta na economia. Essa pequena sigla tem provocado um movimento gigantesco de mudança nas empresas ao redor do mundo.
As novas gerações têm uma preocupação quase intrínseca com pautas como o meio ambiente e impacto positivo.
E nas últimas décadas, essa mentalidade ganhou amplitude com a divulgação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que incluem metas de amenização de riscos ambientais e ampliação dos direitos humanos.
Esse novo panorama se refletiu, é claro, nos negócios. Ano após ano – e cada vez mais –, essas transformações são necessárias para que as empresas estejam atualizadas em relação às demandas da sociedade – e sobrevivam a elas, é claro!
A última fronteira dessa evolução é a popularização dos valores ESG, que surgiram primeiro no setor financeiro e depois transbordaram para o dia a dia nos escritórios.
Os aspectos ESG representam uma virada de chave definitiva para o mindset sustentável, principalmente nas grandes corporações. Fique por aqui e descubra tudo o que essa sigla representa!
O que é ESG?
Você sabe o que a sigla ESG significa? O acrônimo refere-se aos termos Ambiental (Enviromental, em inglês), Social e Governança.
Reunidos, esses pilares sugerem um nível de comprometimento das empresas em tornar suas operações mais responsáveis em termos de sustentabilidade, impacto social e gestão corporativa.
Os princípios ASG (versão em português) foram criados para avaliar a capacidade das companhias interpretarem o que está acontecendo na sociedade e traduzir esses valores no negócio.
Para o mercado, isso gera uma correlação positiva entre sustentabilidade e estabilidade do negócio.
Quais são os três pilares do ESG?
Confira abaixo quais são os três princípios ESG e o que cada um deles abrange:
Ambiental (Environmental)
O critério ambiental está relacionado à maneira com que as organizações atuam em relação às metas de sustentabilidade, seja a partir da maneira como utilizam energia, descartam resíduos ou emitem gases poluentes em suas atividades.
Inclui questões como: desmatamento, poluição de ar e água, consumo consciente de recursos, eficiência energética, uso de recursos naturais não renováveis, políticas de preservação da biodiversidade e medidas antidesastres.
Social (Social)
O fator social preza pela garantia dos direitos e segurança dos funcionários, políticas trabalhistas, respeito aos direitos humanos, treinamento, preocupação com a diversidade e equidade nos quadros.
Refere-se, também, à construção de uma relação mais transparente e de mão dupla com as comunidades envolvidas no processo produtivo, consumidores e sociedade.
Outro panorama que define o Social é o termo capitalismo de stakeholders, que fala sobre desenvolver fortes laços com sua comunidade, possibilitando reduzir riscos operacionais e aumentar a qualidade dos produtos e serviços de uma empresa, causando impacto positivo na sociedade.
Governança (Governance)
Já a governança refere-se ao modo como uma empresa é gerida por seus sócios, cúpula diretora e demais lideranças
Também fala sobre ética e transparência, estrutura dos comitês de auditoria fiscal, política de remuneração, prevenção à corrupção, e o relacionamento entre a alta cúpula e os demais colaboradores.
Por que a agenda ESG tem ganhado destaque?
Segundo uma matéria da revista EXAME, para limitar o aquecimento global em 1,5º C, quando comparado aos níveis pré-industriais, as emissões de carbono devem ser reduzidas em 45%, até 2030, e chegar a zero até 2050.
Por conta dessa urgência em combater as mudanças climáticas, a agenda ESG tem ganhado cada vez mais destaque. Mas lembre-se que ESG não se trata apenas de questões relacionadas ao meio-ambiente.
Na prática, a agenda é um compilado de ações que a empresa se compromete a cumprir. Esse é um processo contínuo que requer constante revisão e correções de rota.
Por que isso não é mais do mesmo?
Muito já se falou sobre empresas mais sustentáveis e como implementar essas soluções. Um bom exemplo disso é a famosa responsabilidade social corporativa (Corporate Social Responsibility, em inglês).
A CSR é uma iniciativa que surge como forma de padronizar a implementação de medidas de impacto positivo nas empresas em relação ao meio ambiente, governança, aspectos sociais, comunidades, colaboradores, entre outros, assim como o ESG.
Porém, responsabilidade corporativa existe como uma forma de autorregulação. Basicamente, cabe exclusivamente às organizações prestarem contas se atingiram ou não objetivos que elas mesmas decidiram.
ESG se difere porque conta com informações baseadas em critérios e subcritérios objetivos e guiado por sistemas de pontuação controlados por instituições ligadas ao mercado financeiro, como a Bolsa de Valores. Aqui não há espaço para greenwashing.
Esse ranqueamento mune investidores com informações complementares para a tomada de decisão. Ou seja, empresas que estiverem poluindo mais, recebem menos ou nenhum investimento.
Por que ESG é tão importante para as empresas?
Os indicadores ESG têm origem em uma maior necessidade de investidores obterem informações mais transparentes acerca de como as organizações estão lidando com questões complexas da atualidade, como, por exemplo, desenvolvimento sustentável e equidade salarial.
Apesar de assuntos relacionados à ética empresarial e governança serem debatidos desde sempre, durante muito tempo as organizações tentaram empurrar esse tipo de dilema para debaixo do tapete.
Verdade seja dita, a insegurança do mercado era baseada em uma falsa dicotomia: o argumento de que aderir à causa sustentável ia de encontro à rentabilidade.
Agora, os agentes do mercado financeiro têm mostrado exatamente o contrário e as empresas têm sido pressionadas — direta e indiretamente — a incluir estratégias e ações de compromisso social e ambiental na pauta. É uma questão de combinar lucro com propósito.
O investimento responsável tem ganhado força em todo o mundo nos últimos anos. Segundo a Bloomberg Professional Services, o mercado global de investimento focado em ESG movimentou, só em 2021, cerca de US$ 30 trilhões, podendo chegar a US$ 53 trilhões em 2025.
ESG no Brasil
Desde 2005, a Bolsa de Valores (B3) divulga o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que ranqueia as 200 ações de maior liquidez no ano anterior, considerando o padrão ESG.
O Brasil teve, inclusive, papel relevante na concepção desses pilares. Em iniciativa liderada pelas Nações Unidas, instituições financeiras brasileiras estiveram entre as responsáveis por elaborar diretrizes e recomendações sobre a inclusão de variáveis que compõem o ESG na gestão de ativos financeiros.
Segundo o portal Poupar Dinheiro, em julho de 2021, a B3 anunciou que o índice havia passado por uma revisão em sua metodologia.
De forma que a partir de agora ele será mais simples e transparente para os investidores, permitindo a elaboração de rankings com as empresas de capital aberto mais avançadas na agenda ESG.
Outras mudanças significativas: a divulgação pública das empresas que aplicaram para participar do índice e a adoção de um questionário específico dependendo do setor que ela está inserida.
Conforme o site Valor Econômico, essas são as empresas presentes nas dez primeiras posições do ranking, que já segue a nova metodologia: EDP Energias do Brasil, Lojas Renner, Telefônica do Brasil, CPFL Energias, Natura&Co, Klabin, Itaú Unibanco Holding, Ambipar, Suzano e Engie.
Benefícios para as empresa
Seu negócio só ganha com a implantação das práticas ESG, confira:
- Melhora desempenho operacional;
- Fortalece a imagem positiva da organização;
- Amplia a retenção e satisfação de colaboradores;
- Previne não conformidades;
- Reduz custos e desperdícios;
- Aumenta a confiança dos investidores;
- Ganha destaque perante ao mercado, entre outras coisas.
Como funcionam os indicadores ESG?
Os indicadores ESG fornecem uma análise apurada sobre a qualidade da gestão de uma empresa e o grau de estruturação do negócio.
Esse conjunto de elementos quase sempre resultam em um melhor desempenho financeiro nas bolsas de capitais e maior resiliência frente às flutuações do mercado. A medida provoca um “efeito dominó” no mundo dos investimentos.
Se alguém coloca ações ESG em sua carteira, empresas que não comungam dessa orientação sofrem uma pressão financeira para adequar-se.
Não há, no entanto, um órgão que certifique que uma corporação está de acordo com os critérios ESG. As empresas se autodeclaram com base na publicação de relatórios de sustentabilidade e posicionamento em rankings, como o da B3.
Por isso a adoção desses novos padrões pelo setor financeiro tem, na mídia e nas redes sociais, aliados implacáveis em termos de fiscalização.
Hoje, ao menor sinal de que uma empresa está envolvida em esquemas de corrupção ou relatos de maus tratos com os funcionários, por exemplo, o mercado reage com prontidão.
Para os investidores, essa transparência reduz o risco do investimento, nutrindo o processo de decisão com referências precisas sobre como as empresas gerenciam seus negócios.
Como aplicar boas práticas ESG?
Acompanhe alguns parâmetros que o mercado está de olho, para você se atentar e começar a colocar em prática na sua organização:
Ambiental (E)
- Encontrar formas alternativas de produção, visando diminuir ao máximo impactos ambientais;
- Cuidados com embalagens, geração e descarte de resíduos;
- Direcionar esforços para projetos de proteção e prevenção do meio ambiente.
Social (S)
- Proporcionar melhor relacionamento com colaboradores e terceiros (fornecedores, clientes, sociedade, etc);
- Pensar medidas que tragam um impacto social positivo, como diversidade e inclusão;
- Preocupação com a experiência do consumidor na jornada de compra.
Governança (G)
- Aliar estratégia com o compliance da empresa, elaborando códigos e políticas internas de conduta;
- Atenção a postura moral, ética e aos valores da organização;
- A valorização da gestão relacionada a transparência e responsabilidade corporativa;
Como começar?
1. Meça o impacto da sua operação
Qual o tamanho do impacto que a sua empresa gera no contexto onde está? Bairro? Cidade? Estado? Comunidade? Liste impactos positivos e negativos;
2. Entenda o presente e projete o futuro
Quais são os fatores externos que impactam seu negócio no presente, e que podem impactar no futuro?
3. Olhe para os riscos que podem travar seu crescimento
Empresas comprometidas com essas agendas, tem uma gestão integrada e uma visão sistêmica do negócio – investidores olham cada vez mais para isso.
Na prática, essas métricas são mais qualitativas do que quantitativas, por isso são mais difíceis de serem controlados e medidos. Por esse motivo, esse ainda é um grande obstáculo.
ESG veio para ficar
Depois de entender o que é ESG e o significado por trás das três letrinhas, fica fácil concluir: os parâmetros ESG chegam para redefinir prioridades nas empresas e superar o mito de que rentabilidade e propósito são caminhos distintos.
Mais do que isso, esse novo padrão afirma que ambos estão diretamente associados.
O movimento é crescente e inicia uma consciência coletiva nos negócios para práticas de produção, relacionamento e gestão mais responsáveis e sustentáveis.
As organizações que melhor entenderem esses novos valores tendem a reter os melhores talentos e ter suas ações valorizadas no mercado.
E sua empresa, como está se posicionando frente a essa nova tendência? Se precisar de ajuda, temos um time inteiro de especialistas em sustentabilidade, entre em contato com a gente!
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