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Do mundo VUCA ao mundo BANI: entenda a relação e como sua empresa pode se preparar

Da incerteza ao caos, a pandemia acelerou a transição entre VUCA e BANI.


Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Assim como a célebre música de Raul Seixas, o mundo também está em constante mudança. E para explicar as transformações que vivenciamos, surgiram duas definições: mundo VUCA e mundo BANI. Você conhece?

Em um mundo de percepções transitórias, pensadores analisaram as transformações que surgiram em diferentes contextos a fim de facilitar nossa compreensão. 

Do pós guerra fria à pandemia de coronavírus. Você sabe como esses fatos afetaram pessoas e empresas? Quais características definem cada período?

Continue lendo o artigo e saiba exatamente o que é o mundo VUCA, como ele deu lugar ao mundo Bani e veja como as empresas podem se preparar para o cenário que se apresenta.

O que é o Mundo VUCA?

Criado no período pós-Guerra Fria, o conceito VUCA surgiu para tentar explicar a nova dinâmica de mundo que estava surgindo. Desenvolvida, inicialmente, por militares norte-americanos, a nova ideia buscava descrever as transformações sociais que ocorriam e como o exército deveria agir diante de possíveis conflitos.

Instabilidade mundial, transformações rápidas, emergência de contextos tecnológicos eram algumas das características desse cenário. A percepção era que o mundo estava Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo – Volatile, Uncertain, Complex and Ambiguous, surge daí o acrônimo VUCA.

De lá para cá, o termo era empregado para descrever mudanças tecnológicas, culturais e, principalmente, seu reflexo no dia-a-dia das pessoas e empresas.

No mundo dos negócios, o termo VUCA só se popularizou nos anos 2000, justamente, quando ocorreram transformações tecnológicas importantes nas empresas e a presença do universo digital estava em crescente ascensão.

Características do VUCA

  1. V = Volatility/Volatilidade – remete à velocidade da mudança seja nos mercados ou no mundo em geral. Está associada com flutuações na demanda, turbulência nos mercados e pouco tempo para a adaptação. Quanto mais volátil é o mundo, mais rápidas as coisas mudam.
  2. U = Uncertainty/Incerteza – essa incerteza está associada à incapacidade das pessoas entenderem o que está acontecendo. Ambientes incertos são aqueles que não permitem qualquer previsão. Quanto mais incerto o mundo é, mais difícil prevê-lo.
  3. C = Complexity/Complexidade – refere-se ao número de fatores que precisamos levar em conta para tomar decisões mais eficientes, a variedade de fatores levantados e as relações entre eles. Quanto mais fatores, maior a variedade e quanto mais interligados, mais complexo é o ambiente. 
  4. A = Ambiguity/Ambiguidade – se relaciona à falta de clareza sobre como interpretar algo. Não é sobre analisar a maior quantidade de dados e sim fazer análises avançadas dos KPIs certos. Uma situação é ambígua, por exemplo, quando a informação é incompleta, contraditória ou muito imprecisa para tirar conclusões claras.
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O que é o mundo BANI?

Volatilidade ou complexidade passaram a ser lentes embaçadas para enxergar o mundo hoje. O grande divisor de águas foi o início da pandemia de covid-19, em 2020.

Um pouco antes, em 2018, o antropólogo e futurista Jamais Cascio já observava que o mundo VUCA estava ficando obsoleto. 

“Situações em que as condições não são simplesmente instáveis, são caóticas; nos quais os resultados não são simplesmente difíceis de prever, e sim completamente imprevisíveis. Ou, para usar a linguagem particular desses frameworks, situações em que o que acontece não é simplesmente ambíguo, é incompreensível.” afirmou o antropólogo.

Criou-se então uma nova definição de mundo, agora BANI, marcando a passagem de Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo para Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível (Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible). Das iniciais em inglês, surge o acrônimo BANI.  

A pandemia do novo coronavírus, que acelerou ainda mais a transformação digital, fez com que esse acrônimo fizesse mais sentido e refletisse a realidade das sociedades e empresas.

Características do BANI

  1. B = Brittle/Frágil – a ideia é que estamos suscetíveis a catástrofes a qualquer momento e todas as empresas que estão construídas sobre bases frágeis podem desmoronar da noite para o dia.
  2. A = Anxious/Ansioso – a ansiedade é um dos sintomas mais presentes na atualidade e isso se reflete também no mercado de trabalho. Estamos vivendo no limite e isso ocasiona um senso de urgência, que pode pautar muitas decisões.
  3. N = Nonlinear/Não-linear – nesse período, vivemos em um mundo cujos eventos parecem desconectados e desproporcionais. Sem uma estrutura bem definida e padronizada, não é possível fazer organizações estruturadas. Logo, planejamentos detalhados e de longo prazo podem não fazer mais sentido.
  4. I  = Incomprehensible/Incompreensível – a incompreensão é gerada quando tentamos encontrar respostas, mas as respostas não fazem sentido. Às certeza estão abaladas frente ao que desconhecemos. Dessa forma, precisamos entender que não temos o controle sobre tudo.

→ Leia também: Quais as principais oportunidades e os principais desafios no novo normal?

Do mundo VUCA ao mundo BANI

O conceito VUCA foi, por muito tempo, utilizado para orientar as organizações a se desenvolverem nesse cenário de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.

O termo atuava, principalmente, para criar sentido frente às incertezas em um mundo em constante mudança, cada vez mais interligado, tecnológico e digital.

Quando a pandemia trouxe questões mais complexas, a definição VUCA ficou insuficiente perante o cenário que se apresentou.

É importante ressaltar que, para alguns estudiosos, BANI é considerado a evolução natural do mundo VUCA. Mas pode ser que você ainda se sinta vivendo entre ambos “mundos”.

O que ocorre é que a volatilidade ainda faz parte da nossa realidade. Ela anda de mãos dadas com possíveis falhas — ou fragilidades — ocasionadas pela preocupação excessiva em gerar valor. 

É como se vivêssemos ainda um mix entre os dois mundos, muito embora o mundo BANI traga questões mais atuais.

Mauricio Vianna, CEO da MJV, através da sua vasta experiência em projetos de inovação de tecnologia, conta como se adaptar do mundo VUCA ao mundo BANI. Assista a sua palestra no Tedx!

→ Leia também: 10 insights sobre o Futuro pós-pandemia

Como as empresas podem se preparar para o mundo BANI?

Nesse contexto de fragilidade, um grande antídoto para as empresas é o fortalecimento das equipes. Buscar a cultura de colaboração, adotar estruturas bem distribuídas e investir em capacitação são ferramentas para tornar as organizações mais resistentes, uma vez que são compostas por pessoas.

Os ganhos da mudança de perspectiva com a implementação da cultura de colaboração são percebidos pela comunicação e transparência entre indivíduos, equipes, departamentos e filiais/unidades de negócios.

Para lidar com a ansiedade, é necessário mais empatia das companhias. Além da valorização das soft skills, que se tornarão cada vez mais imprescindíveis nas empresas.

Em um mundo não-linear, planejamentos rígidos ficaram defasados. Empresas que não inovam e confiam em métodos “comprovados” de fazer as coisas, muitas vezes, encontram-se atrás da concorrência porque não conseguem se adaptar com rapidez suficiente às mudanças no ambiente.

Já a incompreensão pode ser melhor trabalhada apoiadas por Inteligência Artificial, Big Data e tantas outras tecnologias que surgem para tornar o mundo mais compreensível.

Dessa forma, o conceito BANI traz um arcabouço de perspectivas para que possamos agir diante desses contextos que emergem. Portanto, para lidar com esses cenários, é essencial estar preparado. Sua empresa está pronta?

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