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Da Internet ao Blockchain

Entenda como a Internet começou e possibilitou a comunicação Peer-to-peer, dando origem aos Bitcoins e ao Blockchain, uma tecnologia financeira (fintech), que promete dar muito o que falar.


Um pouco de história

A Internet, parte vital do cotidiano de todos, teve sua origem no final dos anos 70 com um conceito inovador. Seria uma infraestrutura de rede aberta que permitiria a conexão de outras redes sem a presença de um órgão ou governança centralizadora, apenas com as regras e definições básicas para garantir a comunicação entre todos.

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Com o advento da Word Wide Web (WWW), a Internet ganhou apelo fora do meio em que foi criada (militar e acadêmico) e tornou-se a grande rede mundial de comunicações que conhecemos. Sobre essa infraestrutura aberta surgiram diversas aplicações de troca de arquivos e acesso remoto. Mas naquele momento da História, os computadores eram divididos em dois grandes grupos: os servidores e os clientes. A grande maioria dos usuários da Internet eram clientes, acessando informações dispostas em servidores, que centralizavam a distribuição de informação na rede.

A comunicação Peer-to-peer e as fintechs

Essa divisão foi quebrada com o advento da comunicação Peer-to-peer, do inglês par a par ou simplesmente ponto a ponto (P2P). É uma arquitetura de redes de computadores na qual cada um dos pontos ou nós da rede funciona tanto como cliente quanto como servidor, permitindo compartilhamentos de serviços e dados sem a necessidade de um servidor central.

P2P surgiu inicialmente para facilitar o intercâmbio de música na Internet. Neste tipo de comunicação, o espírito descentralizado alcançou nova dimensão: todos os computadores atuam como servidores e clientes, efetuando a troca de informações de forma totalmente aberta e pulveirizada.

Do P2P aos novos desafios em fintechs

A tendência da utilização de sistemas distribuídos no lugar dos monolíticos fez com que as redes informáticas começassem a crescer, tornando-se cada vez maiores e mais poderosas. Enquanto as redes cresciam, as aplicações P2P se desenvolveram e despertaram o interesse dos usuários. Aplicações como o Napster, Gnutella e Kazaa ficaram famosos porque estabeleceram um subconjunto da tecnologia P2P que estava ao alcance de milhares de usuários.

Já explicamos em nosso blog o que é esta área tecnológica multimilionária chamada de fintech. As financial technologies, conforme explicamos, configuram algumas das iniciativas de maior destaque na área digital financeira atualmente. Mas foi o P2P um dos grandes responsáveis por revolucionar tecnologicamente essa área, permitindo possibilidades como os Bitcoins.

O Bitcoin é uma moeda virtual baseada no sistema P2P, isto é, não possui uma autoridade centralizada controlando seu valor ou as transações; todas estas tarefas são geridas pela rede. As lojas virtuais que comercializam essa criptomoeda (meio de troca que se utiliza de criptografia para assegurar transações e para controlar a criação de novas unidades) já se espalharam ao redor do globo. A criptomoeda serve a um sistema de pagamento online baseado em protocolo de código aberto independente, podendo ser transferido por um computador ou smartphone sem associação à uma instituição financeira intermediária.

O que é Blockchain e como entra nessa história?

Como em qualquer sistema monetário, com o uso de moedas virtuais também há a necessidade de manter um registro das transações realizadas, de modo a oferecer as garantias normalmente oferecidas pelo sistema bancário tradicional. Para que o registro de transações seja mantido e a validade do dinheiro seja certificada é que surgiu o Blockchain, um mecanismo totalmente descentralizado e baseado na tecnologia P2P.

No conceito de Blockchain, cada transação realizada na Internet é retransmitida para o maior número possível de computadores. Quando um computador já possui um bom número de transações em seu poder, reúne todas as transações em aberto que tem conhecimento em um único bloco e começa a tentar resolver um problema matemático dificílimo com base nos valores do bloco de transação.  Quando um computador resolve o problema, esse bloco de transação é considerado válido e é distribuído para os demais computadores da rede.

O fato de o problema matemático ser difícil torna improvável que dois computadores criem um bloco de transação válido antes dele ser distribuído em toda a Internet. Como o nome Blockchain indica, esses blocos são encadeados, ou seja, um novo bloco é criado sempre com referência a um bloco anterior válido.

Desta forma, com o encadeamento, os blocos mais recentes podem até correr um pequeno risco de serem invalidados, caso mais de um computador resolva o problema matemático simultaneamente, mas os blocos mais antigos ficam mais seguros com o criação de novos blocos a partir deles mesmos.

Entenda melhor na imagem:

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Oportunidades do Blockchain no setor bancário

No Blockchain do Bitcoin, por exemplo, que emprega milhões de computadores do mundo inteiro, apenas um computador consegue resolver um problema matemático a cada 10 minutos tipicamente. Para quem deseja segurança total na transação, recomenda-se esperar 60 minutos para ter uma certeza elevadíssima que a transação presente em um bloco não será invalidada.

O primeiro grande desafio do Blockchain para os bancos é eliminar o conceito de uma entidade que dá credibilidade à transação financeira, eliminando a necessidade da existência de um banco como intermediário de uma transação financeira. Ao mesmo tempo, o processo permite uma série de oportunidades.

Em primeiro lugar, há uma redundância enorme e grandes custos em TI só para o registro das transações bancárias. Com a infraestrutura distribuída do Blockchain, os custos de armazenamento das transações serão reduzidos.

O conceito de Blockchain não é restrito apenas a transações monetárias, pois no fundo é um registro de um compromisso entre duas partes. Ou seja, pode ser usado em qualquer operação de trade e até mesmo em substituição a contratos de qualquer natureza.

Abraçando a inovação

Muitos bancos estão ainda na fase de entender qual o impacto do Blockchain nas suas operações, estudando as oportunidades de corte de custos, melhor conhecimento do cliente e do impacto na sua margem de lucro, com a possível erosão dos custos das transações bancárias. Há diversas iniciativas nesse sentido.

Outro fato importante é que as transações de Blockchain são abertas e todos possuem acesso às interações dos participantes, o que faz com que seja possível obter o melhor conhecimento do cliente.

Exemplos

– O Citibank criou a sua própria moeda digital;

– O Goldman Sachs criou um fundo de pesquisa de 50 milhões para testar o uso de moedas digitais como meio de pagamento para clientes pessoa física;

– O Commonwealth Bank of Australia fez uma parceria com um provedor open source de uma plataforma blockchain para criar um sistema de pagamento entre as suas subsidiárias.

– Alguns bancos, como o UBS, JPMorgan, Société Generale e Barclays estão trabalhando com startups em incubadoras ou aceleradoras.

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