Por que toda empresa quer ser uma fintech?
Retenção de clientes, facilidade em pagamentos e insumos para desenvolvimento de novos produtos e serviços. A intersetorialidade invade o mundo corporativo.
Não é novidade para ninguém que as startups causaram impacto nos mercados globais ao ditarem o ritmo dos negócios na última década, com suas estruturas enxutas, altamente escaláveis e soluções focadas nas dores dos usuários.
No setor financeiro, esse papel coube às fintechs, startups de tecnologia ligadas ao segmento financeiro – ou, pelo menos, assim eram definidas antes do início de um fenômeno que aqui na MJV estamos chamando de singularidade corporativa.
Sua loja favorita provavelmente tinha um cartão próprio, que evoluiu para uma carteira digital que oferece, entre outros benefícios, preços diferenciados e cashback, certo?
A pergunta que surge a partir disso é: por que empresas que não têm originalmente nada a ver com o segmento financeiro desenvolveram interesse em criar carteiras digitais, meios de pagamento próprios e outros tipos de soluções financeiras autônomas?
Em outras palavras, por que as empresas querem tornar-se fintechs?
Acompanhe o artigo até o final, conheça o conceito de singularidade corporativa e entenda o porquê deste movimento de “fintechização” do mercado.
O movimento de fintechização do mercado
De acordo com o Banco Central, até 2017 os 5 maiores bancos brasileiros representavam 82% do mercado financeiro do país. À época, o Brasil estava em segundo lugar no ranking de concentração bancária, atrás apenas da Holanda, com 89%.
Os bancos eram estruturas muito consolidadas, com práticas bastante parecidas no que diz respeito ao relacionamento com o cliente e desenvolvimento de produtos financeiros.
Mas o mercado não esperava pelo boom das fintechs.
Segundo o guru do marketing Philip Kotler, conquistar um cliente custa de 5 a 7 vezes mais do que mantê-lo. Isso dá o tom do quão melhor precisa ser um determinado serviço para que uma empresa tire um cliente de seu concorrente. Mas aconteceu.
A forma como os novos bancos digitais tratam o relacionamento com o cliente trouxe à equação dos serviços financeiros questões nunca antes vistas, e inerentes ao contexto digital, como um exército de seguidores nas mídias sociais fãs de bancos.
Partindo desse princípio, podemos entender a força das novas startups e unicórnios financeiros, que capitanearam a transformação mais relevante do mercado até aqui: a consolidação dos novos serviços digitais e bancos digitais e de novos modelos de negócios.
Por que oferecer serviços financeiros?
E aqui chegamos à pergunta central do texto: para transformar-se em uma fintech, é preciso oferecer serviços financeiros. E por que toda empresa hoje quer ser uma fintech?
Bem, há pelo menos 3 motivos:
1) Retenção e retenção de clientes
A palavra-chave está na retenção de clientes.
No final do atendimento telefônico, um dos bancos digitais mais disruptivos da atualidade realiza uma pesquisa de satisfação sobre o atendimento com o usuário. A graduação vai de 1 até 5, e o número 5 significa “encatandado”.
E existe uma “fórmula” para isso. E se atinge esse objetivo por meio das experiências.
Sim, a Era da Experiência chegou ao setor financeiro. E é justamente por meio do design de melhores experiências no uso de serviços financeiros que as fintechs fazem e fizeram escola no setor.
2) Isenção de taxas e intermediários
No tópico acima, podemos ver boa parte dos motivos que levaram startups a saírem na frente – hoje um banco digital brasileiro está entre as 10 maiores startups do mundo.
Agora, falaremos sobre o fato dos varejistas que estão se transformando em fintechs. Em médio-longo prazo, estamos falando de empresas originalmente de fora do setor financeiro competindo em share of wallet com bancos varejistas.
3) Facilitação do pagamento
Por meio de soluções financeiras próprias, as empresas facilitam as opções de pagamento para os clientes. Aproveitamos para fazer um crossover e indicar o texto de carteiras digitais, que vale a pena ser visto na íntegra. Clique aqui!
Por que toda empresa quer ser fintech?
Certa vez, um executivo da Netflix afirmou que o mercado da Netflix não era o de filmes – e sim o de entretenimento.
Ao afirmar isso, o executivo estava dizendo que, para a empresa, o que interessava era a atenção do cliente. E qualquer coisa que pudesse reduzir isso competia com a Netflix.
Isso dava indícios de uma intersetorialidade do mercado.
Mais tarde, o CEO da Netflix afirmou que o objetivo da empresa era tornar-se a HBO antes que a HBO pudesse se tornar a Netflix. Isso indicava algo mais.
Indicava o que chamamos de singularidade corporativa.
A singularidade corporativa é um conceito que versa sobre dois ou mais setores corporativos convergindo em uma mesma direção e até mesmo colidindo competitivamente, dando origem a uma série de novos modelos de receitas/negócios.
Nesse contexto, até quanto fará sentido tratarmos banking e varejo como coisas distintas?
Movimentos como este tendem a ser cada vez mais comuns no mercado daqui em diante. Isso vem acompanhado, é claro, de uma série de oportunidades – e aqueles que forem mais rápidos em perceber possíveis colisões entre mercados e ajustar seus modelos de negócios largarão na frente na corrida da singularidade corporativa.
E no seu setor, que outras tendências como essa estão acontecendo?